sábado, 19 de abril de 2008

Uma estranha dos Alpes.

Essa experiência eu ñ poderia deixar de contar...
Era uma vez, numa casinha humilde da Vila Itatiaia I, uma família de cinco membros adotou por um ano, uma suiça de nome Andrea.
Esse contato foi feito através da AFS, responsável por intercâmbios estudantis pelo mundo, no nosso caso, ninguém de casa foi enviado pra outro país...
A Andrea era meu martírio, eu, super rebelde, super do contra, ñ gostei nada da idéia de uma menina vir dividir meu quarto, além do quê, uma suiça??? !!! Por que ñ uma africana, ou alguém do oriente médio, e por que logo uma menina???
Mas já estava concretizado sua vinda, já recebíamos cartas em que ela escrevia sobre a vontade de estar aqui, de nos conhecer, de ter uma boa experiência... Fotos foram trocadas e eu de longe observando os preparativos da minha família para receber aquela pela qual e já ñ gostava!!!
Um dia a estranha chega, passou um tempo nos olhando, depois ligou pro seus pais lá do velho continente e começou um choro infindo...
Eu queria rir... mas pobre da menina, 17 anos e tendo que conviver logo comigo...
Os dias passaram, as semanas e meses...
Eu mal falava com ela, cumprimentava quando muito. Mas depois de uns meses começamos a nos dar...
Ela rapidamente aprendeu o além do básico de português e podia tranquilamente manter diálogo com todos.
Aos poucos, Andrea deixou de ser a amiga do meu irmao pra se tornar minha irma!!!
Íncrível como combinávamos, como ela tinha uma cabeça aberta e entendia meu país e nosso mundinho... Gostava do que era nosso, da minha casa, dos meu amigos, da minha família.
Era de verdade membro de casa, mais um, tornou-se uma Pereira da Silva!!! E com orgulho!
Um ano foi pouco, depois de voltar pro seu país, ela nos visitou mais 2 vezes, trouxe amigos, um irmao, um namorado e todos nós os abraçamos como parentes.
Hoje, depois de 14 anos, ainda mantemos contato, já visitamos sua casa na Suíça, e Andrea agora é mae!!!
Tenho uma flor de formozura com sobrinha: Alice Emília. Um encanto de serzinho!
Ainda hoje me sinto próxima da Andrea, recordo nosso tempo juntas com muito carinho, ela me entendia, eu a respeitava, tudo era bom entre a gente, ela se tornou amiga dos meus amigos e participou de uma fase ótima da minha vida, minha aborrecencia... 14, 15 anos tinha eu!!!
Pra você minha irma, beijos sabor saudade!!!
Um abraço no coraçao e lágrimas gosto de pao de queijo!!!
Amo!!!!!!

3 comentários:

Unknown disse...

Nossa o tempo voa mesmo 1994, máquina do tempo.Andrea deve ter sido uma pessoa que fez bem a sua família mesmo no início, como você relatou, sua dor de cotovelo, ciúme ao ver uma "menina" invadir seu ninho...É, sem falar que ela se tornou "atração turística" para todos... mas todos realmente gostavam dela. Creio que ela se surpreendia ou recebia as mudanças com estranheza pela diferença de mundos...Quatorze anos... ótima citação...

Andrea disse...

O tempo voa mesmo e infelizmente essa estranha dos Alpes jà se esqueceu muito do português, mas espero que da para compreender. Posso ter esquecido do português mas não me esquecei da generosidade enorme da sua familia. Me lembro também de muitas pessoas maravilhosas que tinham um jeito brasileiro unico de brincar e de ver o mundo.
Me senti como um monstro enorme quando cheguei no aeroporto de Goiânia e vi que todas da sua familia eram bem baixinhos. E me lembro como acordei depois de ter dormido pela primeira vez na sua casa, ao seu lado, do som da vida na rua que tinha em frente da casa. Me lembro como o seu pai sempre nos levou para a escola de manha – você ainda estava meio dormindo-, como ele me explicava tantas coisas. E me lembro da comida maravilhosa da sua mãe, como ela gostava de rir.
Aprendi como se pode ver o mundo de uma maneira diferente, como a identidade pode mudar. Essa esperiença tinha uma influenca grande para toda a minha vida até hoje, mesmo se me sinto de novo como uma verdadeira “Suiça” desde muito tempo. Mas sempre canto a canção do Caetano Veloso para minha filha: “debaixo dos caracois dos seus cabelos....” para que ela dorme e parece que ela gosta...

Virgínia Inna disse...

Esqueceu coisa nenhuma!!! Seu português é praticamente perfeito...
Família de baixinhosfoi demais, lembro que uma vez o Samuel foi lá em casa e usou o banheiro, quando saiu comentou: Nossa, o espelho bate na minha barriga, nem dá pra me abaixar... Parece casa dos sete anóes!!! kkkkkkk...
Mas é bom ser baixinho!!!
Essa experiencia foi ótima pra quem a viveu, pra nós particularmente nos deu uma visao macro do universo que nos cerca, da imensidao do mundo e ao mesmo tempo, do seu estreitamento... De como as pessoas podem ser diferentes mas ao mesmo tempo se comportam como iguais... Ao mesmo tempo que somos diferentes em muitos pontos, somo próximos em muitos outros... Eu adoro "o conhecer o outro", costumes, línguas, cores, gestos...
Quero sempre poder compartilhar da cultura que nao é a minha pra poder crescer e entender o diferente...
Foi bom poder compartilhar essa vivência com vc Andrea, e sentir apenas setimentos bons ao seu respeito!!! Eu de conheço, sei como é, e admiro sua pessoa!!!
Beijo grande e abraço apertado, nessas horas meus pequeninos braços se tornam grandes suficientes pra aconchegar toda sua família...